Pastor que lidera Ordem de Pastores em Alagoas tem salário de R$ 8 mil na Prefeitura de Maceió
- 08/05/2025
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O pastor Jorge Augusto de Araújo Sutareli, presidente da Ordem dos Pastores Evangélicos do Estado de Alagoas (OPEAL), ocupa um cargo comissionado na Prefeitura de Maceió. Ele é responsável por organizar a chamada “Marcha para Jesus”, na capital alagoana, com forte presença de representantes da gestão municipal e apoio público ao prefeito João Henrique Caldas (JHC), que é pré-candidato ao governo do Estado em 2026.Sutareli é nomeado como Assessor Especial II na Secretaria Municipal de Gestão de Pessoas e Patrimônio, com remuneração bruta de R$ 8 mil, segundo dados do Portal da Transparência. Ao mesmo tempo, responde como presidente da OPEAL, entidade que firmou um termo de fomento no valor de R$ 88 mil com a Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), destinado a ações culturais e assistencialistas voltadas ao público evangélico.
Nomeação
A nomeação de Sutareli na estrutura da Prefeitura, aliada à atuação da OPEAL no apoio à gestão municipal, levanta suspeitas sobre um possível conflito de interesses. A própria assinatura do termo de fomento com a FMAC, no qual Sutareli representa a entidade que preside, é apontada por críticos como um exemplo de sobreposição de papéis entre o público e o privado.Lideranças evangélicas ouvidas pela reportagem afirmam que as marchas promovidas por Sutareli não têm transparência quanto à origem dos recursos nem critérios claros de organização. “Esses eventos têm sido utilizados como palanque político. Estão descaracterizando o sentido original da Marcha para Jesus e confundindo fé com conveniência”, disse um pastor que preferiu não se identificar.
Além disso, o uso recorrente da OPEAL para manifestar apoio institucional à pré-campanha de JHC preocupa membros da comunidade evangélica que defendem a independência das lideranças religiosas em relação ao poder político.
O que dizem os citados
A reportagem entrou em contato com o pastor Jorge Sutareli, mas não obteve retorno. A Prefeitura de Maceió também não se pronunciou até a publicação deste texto.