Malafaia causa controvérsia ao afirmar que fiéis não podem administrar o dízimo
- 04/05/2025
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Tem se tornado comum ver cristãos direcionando o dízimo a causas sociais independentes, ONGs, projetos missionários e famílias carentes Uma declaração feita pelo pastor Silas Malafaia durante uma de suas pregações reacendeu um antigo e controverso debate dentro do meio evangélico: afinal, quem tem a autoridade para decidir o destino do dízimo? Para o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, a resposta é clara — e já está causando burburinho nas redes sociais.“Quem administra o dízimo é o sacerdote. O fiel não tem esse poder”, declarou Malafaia em tom firme, enquanto pregava para uma multidão. A fala, gravada e amplamente compartilhada em vídeos nas redes sociais, provocou reações acaloradas, dividindo opiniões entre fiéis, teólogos e internautas em geral.
Segundo o religioso, o ato de dizimar é mais do que uma oferta financeira: é uma prática de obediência espiritual que exige submissão à autoridade eclesiástica.
Ele rejeitou completamente a ideia de que o membro da igreja possa decidir, por conta própria, como fracionar ou aplicar os 10% que, segundo a doutrina cristã, pertencem a Deus.“Não é correto pensar que você pode dar 3% do dízimo para uma instituição de caridade, 5% para ajudar uma pessoa necessitada e 2% para comprar uma cesta básica. Isso não é dízimo. Isso é oferta pessoal. Dízimo é entregue na casa do Senhor, e cabe ao sacerdote, à liderança da igreja, administrá-lo conforme a necessidade da obra”, completou.
As palavras de Malafaia não demoraram a gerar repercussão. Muitos internautas e até lideranças religiosas de outras denominações questionaram a rigidez da declaração, apontando que ela poderia afastar pessoas da fé ou mesmo reforçar uma estrutura autoritária dentro da igreja. “Falar em nome de Deus exige responsabilidade. A fé cristã também é feita de consciência, e não apenas de submissão cega”, escreveu um usuário no X (antigo Twitter).
Outros, no entanto, saíram em defesa do pastor. Para seus seguidores, a interpretação bíblica apresentada por Malafaia está alinhada com os ensinamentos do Antigo Testamento, onde os dízimos eram, de fato, levados aos sacerdotes responsáveis pelo templo. “Ele apenas reafirmou uma verdade bíblica que muitos preferem ignorar”, disse um pastor em vídeo publicado no Instagram.Além da discussão teológica, o episódio também expõe uma tensão crescente entre as práticas tradicionais do evangelicalismo e uma nova geração de fiéis que buscam maior transparência e participação na gestão das contribuições financeiras dentro das igrejas.
Nos últimos anos, tem se tornado comum ver cristãos direcionando parte de seus recursos a causas sociais independentes, ONGs, projetos missionários alternativos ou mesmo diretamente a famílias em situação de vulnerabilidade — tudo em nome da fé e do amor ao próximo. Para essa nova geração, o importante é o propósito do ato, não necessariamente o canal institucionalizado.
Silas Malafaia, conhecido por suas opiniões firmes e por não se esquivar de polêmicas, não recuou diante das críticas. Pelo contrário, reforçou em publicações posteriores que sua missão é ensinar “o que está na Palavra de Deus, mesmo que doa ou vá contra a cultura do tempo presente”.